No dia 28 de julho de 2011, comemora-se o DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AS HEPATITES VIRAIS.
No Estado do Paraná durante os anos de 2007 a 2010 foram notificados 2.828 casos de hepatite A, 5.457 casos de hepatite B e 3.205 casos de hepatite C, apesar de que estes números ainda não traduzem a realidade, considerando a subnotificação e a dificuldade de detecção dos casos.
As hepatites virais na maioria das vezes ocorre de forma silenciosa e o estado de portador é desconhecido pelo mesmo.
Por isso é importante o diagnóstico precoce dos portadores assintomáticos e encaminhamentos para acompanhamento ou tratamento no serviço de referência, reduzindo assim a morbimortalidade, Também é de extrema importância investigar os contatos dos pacientes com Hepatites Virais, visando interromper a cadeia de transmissão.
É preciso aumentar a cobertura vacinal contra Hepatite B, nas faixas etárias preconizadas (0 a 29 anos) e nos grupos vulneráveis como gestantes após o primeiro trimestre de gestação, trabalhadores de saúde, bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários, caminhoneiros, carcereiros de delegacia e de penitenciárias, coletores de lixo hospitalar e domiciliar, agentes funerários, comunicantes sexuais de pessoas portadoras do vírus da hepatite B, doadores de sangue, homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, bissexuais, travestis e transexuais, pessoas reclusas em presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas. Manicures, pedicures e podólogos, populações de assentamentos e acampamentos, potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundido, profissionais do sexo/prostitutas, usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas, portadores de DST.
SAIBA MAIS SOBRE AS HEPATITES VIRAIS
As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes tipos de vírus, com preferência pelo fígado, que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes, porém, com importantes particularidades que as distinguem.
A distribuição das hepatites virais é universal, sendo que a magnitude dos diferentes tipos varia de região para região. No Brasil, também há grande variação regional na prevalência de cada um dos tipos de vírus.
As hepatites virais têm grande importância pelo número de indivíduos atingidos e pela possibilidade de complicações das formas agudas e crônicas.
HEPATITE A
A principal via de contágio do vírus da hepatite A é a contaminação de alimentos com o vírus, por mãos contaminadas ou destino incorreto de esgotos; por contato de pessoa a pessoa sem a devida higienização das mãos ou através de água contaminada.
A fácil sobrevivência do vírus da hepatite A (HAV) no meio ambiente e a grande quantidade de vírus contribui para sua transmissão, presente nas fezes dos indivíduos infectados. A transmissão pelo sangue é rara, mas pode ocorrer se o doador estiver na fase de viremia do período de incubação. A disseminação está relacionada com o nível sócio-econômico da população, existindo variações regionais de endemicidade de acordo com o grau de saneamento básico, de educação sanitária e das condições de higiene da população. Em regiões menos desenvolvidas as pessoas são expostas ao HAV em idades mais precoces, apresentando formas com sintomas que passam despercebidos ou sem icterícia (pele amarelada), que ocorrem, mais freqüentemente, em crianças em idade pré-escolar. A doença é autolimitada e de caráter benigno. Menos de 1% dos casos pode evoluir para hepatite fulminante (que leva à morte do paciente). Este percentual é maior em pacientes acima dos 65 anos.
Pessoas que já tiveram hepatite A apresentam imunidade para esse tipo de agravo, mas permanecem susceptíveis às outras hepatites.
HEPATITE B
A transmissão do vírus da hepatite B (HBV) se faz por via sanguínea, e, sobretudo, pela via sexual, sendo considerada uma doença sexualmente transmissível. A transmissão vertical (materno-infantil) também é causa freqüente de disseminação do HBV. De maneira semelhante às outras hepatites, as infecções causadas pelo HBV são habitualmente sem sintomas. Apenas 30% dos indivíduos apresentam a forma ictérica da doença, reconhecida clinicamente. Aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos adultos infectados cronificam, o quer dizer que permanecem com o vírus ativo durante muitos anos. Caso a infecção ocorra por transmissão vertical, o risco de cronificação dos recém-nascidos de gestantes com evidências de replicação viral é de cerca de 70 a 90%, e entre 10 a 40% nos casos sem evidências de replicação do vírus. Cerca de 70 a 90% das infecções ocorridas em menores de 5 anos cronificam e 20 a 25% dos casos crônicos com evidências de replicação viral evoluem para doença hepática avançada (cirrose e câncer de fígado).
HEPATITE C
O vírus da hepatite C (HCV) é o principal agente etiológico da hepatite crônica anteriormente denominada hepatite não-A não-B. Sua transmissão ocorre principalmente por via sanguínea. É importante ressaltar que, em percentual significativo de casos, não é possível identificar a via de infecção. São consideradas populações de risco acrescido para a infecção pelo HCV por via sanguínea: indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993, usuários de drogas intravenosas ou usuários de cocaína inalada que compartilham os equipamentos de uso, pessoas com tatuagem, piercings ou que apresentem outras formas de exposição percutânea (p. ex. consultórios odontológicos, podólogos, manicures, etc., que não obedecem as normas de biossegurança). A transmissão sexual é pouco freqüente, com menos de 3% em parceiros estáveis e, ocorre principalmente em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma DST – inclusive o HIV – constitui-se em um importante facilitador dessa transmissão. A transmissão de mãe para filho (vertical) é rara quando comparada à hepatite B. Entretanto, já se demonstrou que gestantes com carga viral do HCV elevada ou co-infectadas pelo HIV apresentam maior risco de transmissão da doença para os recém-nascidos. A cronificação ocorre em 70 a 85% dos casos, sendo que, em média, um quarto a um terço deles evolui para formas graves no período de 20 anos. O restante evolui de forma mais lenta e talvez nunca desenvolva hepatopatia grave. É importante destacar que o HCV já é o maior responsável por cirrose e transplante hepático no Mundo Ocidental.
HEPATITE D
A hepatite D é causada pelo vírus da hepatite delta (HDV), podendo apresentar-se como infecção assintomática, sintomática ou até com formas graves. O HDV é um vírus defectivo, satélite do HBV, que precisa do HBsAg para realizar sua replicação. A infecção delta crônica é a principal causa de cirrose hepática em crianças e adultos jovens em
áreas endêmicas da Itália, Inglaterra e na região amazônica do Brasil. Devido a sua dependência funcional em relação ao vírus da hepatite B, o vírus delta tem mecanismos de transmissão idênticos aos do HBV. Desta forma, a hepatite D pode ser transmitida através de solução de continuidade (pele e mucosa), relações sexuais desprotegidas, via sanguínea (compartilhamento de agulhas e seringas, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos, etc). A transmissão
vertical pode ocorrer e depende da replicação do HBV. Outros líquidos orgânicos como sêmen, secreção vaginal e leite materno, também podem conter o vírus e constituir-se como fonte de infecção.
Os portadores crônicos inativos são reservatórios importantes para a disseminação do vírus da hepatite delta em áreas de alta endemicidade de infecção pelo HBV.
HEPATITE E
O vírus da hepatite E (HEV) é de contaminação de alimentos com o vírus, por mãos contaminadas ou destino incorreto de esgotos; por contato de pessoa a pessoa sem a devida higienização das mãos ou através de água contaminada.
Esta via de transmissão favorece a disseminação da infecção nos países em desenvolvimento, onde a contaminação dos reservatórios de água mantém a cadeia de transmissão da doença. A transmissão interpessoal não é comum. Em alguns casos os fatores de risco não são identificados. A doença é autolimitada e pode apresentar formas clínicas graves, principalmente em gestantes. A vigilância epidemiológica das hepatites virais no Brasil utiliza o sistema universal e passivo, baseado na notificação dos casos suspeitos, dos casos confirmados e dos surtos de hepatites virais.
Bibliografia: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
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